quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A 3ª COPA

O mundo estava prestes a conhecer o Nazismo em sua essência, a Áustria havia se classificado para a Copa, porém, em março de 1938 a Alemanha anexou o território da Áustria e obrigou os jogadores a defenderem a seleção alemã. Mattias Sindelar, o “homem de papel”, jogador tcheco e craque, que defendia a Áustria, se negou a jogar e foi encontrado morto em seu apartamento um ano depois, envenenado por monóxido de carbono, a forma que isso aconteceu ninguém sabe ao certo. Sindelar recebeu o apelido de “Mozart do Futebol” e foi enterrado em Viena no mesmo cemitério que Beethoven, Brahms, Schubert, Strauss e outros.

O Brasil dessa vez chegou ao mundial sem rixas internas, realizou cinco jogos e conquistou o 3º lugar, melhor campanha da seleção em um mundial até então. Leônidas, o “Diamante Negro”, foi o artilheiro da Copa com sete gols, um deles marcou com o pé descalço no jogo histórico contra a Polônia, o Brasil venceu por 6x5 com três gols de Leônidas.

A Copa de 34 tinha sido na Itália, por isso a Argentina queria a copa em seu território conforme rodízio. A Alemanha tinha organizado a Olímpiada de 36, a Copa era mais uma oportunidade para a propaganda nazista, mas a FIFA decidiu realizar a Copa na França em homenagem a Jules Rimet e seu aniversário de 64 anos. Em protesto a Argentina e Uruguai não participaram, o Brasil e Cuba foram os únicos participantes do lado de cá do planeta. Foi a única vez que os cubanos participaram de uma Copa.

“Vencer ou Morrer”, simples e direta a recomendação do líder fascista italiano Benito Mussolini aos seus jogadores, que mais uma vez seguiram à risca numa campanha vitoriosa. Itália 2x1 Noruega, Itália 3x1 França, Itália 2x1 Brasil e Itália 4x1 Hungria. No jogo contra a Itália o técnico brasileiro, Ademar Pimenta não escalou Leônidas, o melhor jogador da Copa, uma decisão no mínimo estranha. Após o jogo da final o goleiro húngaro declarou: “levei quatro gols e salvei onze italianos”. A Itália foi bicampeã e permaneceria assim pelos próximos doze anos, período em que não houve copas (1938 a 1950), devido a Segunda Guerra Mundial.

Os brasileiros ouviram pelo rádio as narrações dos jogos pela primeira vez, nas copas anteriores os resultados chegavam via telégrafo. Em 1938 o rádio estava em grande expansão por todo o país, que agora ouvia as decisões políticas fantasiosas da ditadura militar, a morte do cangaceiro lampião, os gols de Leônidas, a derrota do Brasil e a vitória da Esquadra Azzurra.


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